segunda-feira, 31 de julho de 2017

Canal GEOSUS - Youtube

Olá, Tudo bem?

O GEOSUS Blog, apresenta esta nova ferramenta de comunicação entre seus colaboradores.

Em seu primeiro vídeo, uma aula sobre Cartografia para Geoprocessamento.

Acessem, assistam e compartilhem em suas redes sociais!


Até a Próxima!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Um Olhar geográfico sobre a cidade - A violência em Aracaju: Espacialização das ocorrências policias entre 2010 a 2015 por bairros.

No Brasil o aumento da violência vem sendo atribuído a um grande conjunto de fatores, dentre os quais se destacam a desigualdade social, a desagregação social, a corrupção de valores morais, a omissão e a impunidade. Esse conjunto de fatores, aliado a muitos outros, especialmente no espaço urbano, reflete desrespeito à legislação vigente, aos sistemas executivo, legislativo e judiciário e, em última análise aos direitos humanos em todas as suas esferas. A relação entre violência e espaço urbano precisam ser estudadas, buscando os fatores que favorecem, ou inibem as ações violentas.

A cidade de Aracaju tem se destacado ao longo dos últimos anos pela violência institucionalizada nas mais diversas esferas de sua comunidade.  Percebe-se que a violência está cada vez mais presente na vida do cidadão aracajuano, que tem sentido o impacto dos mais diversos tipos de violência cotidianamente.

Dados e estudos apontam por exemplo, que o Estado de Sergipe é um dos estados do país que proporcionalmente tem o maior número de casos de homicídios (relação de casos de homicídio por 100 mil habitantes). De acordo com informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Sergipe (SSP/SE), em diversos bairros da capital no período de 2010 a 2015, registrou-se mais de 50 homicídios, que dá uma média de 10 homicídios por ano em cada bairro. São realmente números que demonstram uma violência institucionalizada, não só em relação aos casos de homicídios, que é a forma mais cruel da violência, como também nos casos de roubo, furtos, ameaças e vias de fato.

Outro ponto a se destacar é a relação entre os casos de violência e a sua ocorrência espacial. Ao localizar os casos de violência percebe-se uma relação muito próxima com algumas características espaciais da cidade. Por exemplo, os bairros que apresentam maiores índices de roubos e furtos é o Centro, Jardins e Treze de Julho; e isso tem uma relação direta por ser nestes bairros onde estão localizadas as maiores concentrações de estabelecimentos comerciais da cidade. 

Outro exemplo é a relação dos casos de homicídios com espaços que são desprovidos de equipamentos públicos voltados a educação, planejamento e lazer. Percebe-se um maior índice de homicídios no bairro Santa Maria, este que é caracterizado como um dos bairros mais pobres da capital, e que evidencia a relação direta entre casos de violência e localidades com maiores índices de pobreza. A seguir é apresentado os casos de homicídios por bairros na capital sergipana.

Neste mapa percebe-se claramente o bairro que mais registrou o tipo de ocorrência homicídio. Este bairro é o Santa Maria, caracterizado por ser um bairro desprovido de planejamento urbano, em que o ambiente vivido pelos seus habitantes é de constante insegurança. Além disso, neste bairro encontra-se uma grande parte da população que vivem em habitações subnormais na capital sergipana. Por conta disso pode-se inferir que há uma relação direta entre os casos de violência e a segregação sócioespacial na cidade. 

Mapa de Homicídios em Aracaju (2010 a 2015)

Porém cabe destacar que em locais da cidade onde se encontra um mínimo de equipamentos públicos voltados ao planejamento urbano, como são os bairros Pereira Lobo, Grageru e Inácio Barbosa, registra-se um número bem menor de ocorrências em relação a homicídios. No geral, a cidade de Aracaju apresentou no período de 2010 a 2015 um número elevado de homicídios, mas percebe-se claramente que este é um fenômeno que não ocorreu em todas as zonas da cidade, evidenciando o fato de que localidades desprovidas de equipamentos urbanos e com uma população de baixa renda apresentaram os maiores índices de homicídios, como é o caso dos bairros Santa Maria, Santos Dumont e Cidade Nova.

Os dados coletados, contudo, não foram apenas relacionados aos casos de homicídios. Foram mapeados também os casos de roubos e furtos na capital sergipana para o mesmo período de 2010 a 2015. E quando se analisa as informações, percebe que há o mesmo tipo de interação entre os casos de violência e as diversas características espaciais da cidade.

Por exemplo, os casos de roubo nos bairros aracajuanos evidenciam uma concentração desse tipo de ocorrência nos bairros onde estão localizados o maior número de equipamentos urbanos voltados ao comércio e ao turismo. Bairros como Centro, Siqueira Campos, Atalaia, Jardins e Treze de Julho registraram os maiores índices de roubos na cidade e isso pode ser explicado justamente por ser nesses bairros onde estão concentrados os mais diversos tipos de estabelecimentos voltados ao comércio. Isso pode ser explicado, porque onde há concentração de comércio existe exponencialmente uma maior concentração de pessoas e transeuntes, fato que contribui significativamente para um maior número de casos de roubo. 

Aqui cabe destacar que o bairro Farolândia, também caracterizado por ser um bairro com uma oferta grande de comércio, apresentou número elevado nos casos de ocorrência de roubo.

Mapa de Roubos em Aracaju (2010 a 2015)

O mesmo pode ser destacado para os casos de furto, que apresentam também concentração de ocorrência desses bairros em que se concentram os estabelecimentos voltados ao comércio, e no caso do bairro Atalaia, voltado para o turismo, evidenciando também que os casos de furto ocorrem com pessoas que visitam a cidade, e acabam vítimas desse tipo de violência.

Mapa de Furtos em Aracaju (2010 a 2015)

Vale destacar que o crescimento da onda de violência que atinge atualmente a capital sergipana está vinculada às suas características sócioespaciais, e cabe ao poder público delimitar estratégias de combate à criminalidade por meio de ações educativas inteligentes. Não se combate a cultura de violência com o uso de mais violência!

O caminho indicado aqui é conhecer para modificar, compreendendo em quais bairros se tem as maiores taxas de de ocorrências, podem-se traçar possíveis caminhos de enfrentamento a este problema social, que passa por tópicos como planejamento urbano, valorização profissional de policiais, oferta de educação transformadora, geração de emprego e renda, construção de espaços de lazer, entre tantas outras possibilidades...

Fica aqui o convite para discutirmos de forma mais aprofundada esta questão que atinge a vida de todos os cidadãos não só de Aracaju, mas da maioria das cidades em nosso país.

Até a Próxima!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura