Atualmente vive-se uma nova era da informação, voltada ao discurso da cultura da conectividade e da diversidade. Cada dia surgem novas plataformas de comunicação que possibilitam integrar os mais diversos dados que retratam as mais diversas territorialidades dos assentamentos humanos. No campo da Geografia, por exemplo, a inserção da tecnologia apresenta-se como uma verdadeira revolução no acesso a informações e dados oficiais que há pouco tempo atrás, somente por meio analógico eram disponibilizados.
A Inteligência Geográfica surge como uma nova plataforma capaz de oferecer conhecimentos que possibilitam, entre outras coisas, compreender o meio em que se vive (como as imagens de satélite disponibilizadas pela Google), e com o advento das redes sociais, compartilhar geoinformações que podem resultar na colaboração de projetos que visem as mais diversas tomadas de decisões, bem como contribuir para a construção dos conceitos básicos da Geografia em sala de aula.
O mundo atual apresenta diversos problemas sociais e também de ordem ambiental. Problemas como a mobilidade urbana nas cidades, a superpopulação do mundo, as crescentes epidemias e problemas de saúde pública (zika vírus, ebola, H1N1, entre outras), além dos conflitos armados no Oriente Médio, por exemplo, são situações em que o uso da inteligência geográfica torna-se fundamental para os objetivos de conciliar interesses, propor soluções e intervenções territoriais que visem diminuir os impactos negativos nesta sociedade conectada 24 x 7 (24 horas x 7 dias por semana).
Esta cultura da conectividade chega a sala de aula, por meio dos smartphones e suas diversas aplicações. E o desafio de se trabalhar em conjunto com essas ferramentas é grande, tendo em vista que a barreira do medo do desconhecido ainda faz com que em muitas salas de aula de nosso país, ainda se trabalhe da mesma forma que há 30 anos atrás. E esse desafio torna-se especial ao se abordar os conceitos fundamentais da Geografia, em que se destaca as necessidades de aumentar o conhecimento em prol da sociedade, promover o uso racional dos recursos naturais e proteger a vida em todos os seus aspectos.
Jogos como o Minecraft por exemplo, são aplicações que trabalham com a ideia da construção e desconstrução de noções espaciais. Pode-se desenvolver diversas práticas de organização territorial com viés para desenvolvimento, e são aplicações que fazem parte do cotidiano de diversos jovens ao redor do planeta. E como utilizar este conhecimento em práticas educativas que utilizem as geotecnologias, torna-se importante ferramenta para a construção do conhecimento nas disciplinas do ensino fundamental.
Outra plataforma importante são os estudos voltados para o entendimento dos diversos aspectos do planeta, resulta em pesquisas com abordagens integrada, multidisciplinar e, até mesmo, interdisciplinar. Tendo em vista que essas pesquisas abordam sobretudo os diversos fenômenos naturais e antrópicos (do homem) na Terra.
Atualmente provedores de serviços em internet, a exemplo da empresa Google, utilizam o termo 'Aplicações Geoespaciais' para a disponibilização de informações mapeadas. Graças a uma gigante geração de dados geográficos em diferentes escalas (global, regional, local e topográfico), qualquer computador ou smartphone é capaz de apresentar localidades na Terra além de outros planetas, possibilitando mapas em diferentes níveis de resolução e precisão.
Os professores de Geografia possuem instrumentos capazes de ajudar nesta árdua tarefa; e por mais que ainda exista um grande distanciamento, as Geotecnologias estão disponíveis em diversas plataformas livres e podemos utilizá-las no processo de ensino-aprendizagem de forma a auxiliar o trabalho e desenvolvimento intelectual dos alunos, tanto em sala de aula, como em atividades de trabalho de campo.
A partir do uso orientado de geotecnologias pode-se facilitar a aprendizagem nas rotinas escolares, aproximar os conteúdos do currículo escolar à realidade de vivência dos alunos e produzir ótimos resultados na compreensão das categorias geográficas, a saber: Espaço, Região, Território, Paisagem e Lugar.
As metodologias de ensino baseadas no uso de Geotecnologias como instrumento precisam ter como objetivo desenvolver a observação sistemática do espaço, a capacidade descritiva (selecionar, ordenar e organizar informações) e por fim, registrar as observações. Essas metodologias exercitam a criatividade do aluno e possibilita:
“(...) a verbalização ou produção textual, elaboração de desenhos, croquis, maquetes ou montagem de fotos e figuras. Abre espaços para que o aluno ou o grupo estabeleça opiniões e faça uma apreciação crítica, para a problematização de fenômenos observados, para estabelecimento de hipóteses e para encaminhamento à investigação. É, portanto, um recurso de múltiplas possibilidades de abordagem (temática e interdisciplinar) e de múltiplas perspectivas de exploração no processo de aprendizagem” GELPI; SCHAFFER (2003).
A análise dinâmica espaço-temporal sobre Relevo, Hidrografia, Vegetação, Processos de Urbanização é um ótimo exemplo para elencar metodologias de ensino com uso de Geotecnologias na sala de aula. Possibilita aos alunos a investigação sobre as mudanças do espaço geográfico analisado, bem como os processos responsáveis por essas mudanças.
A elaboração de mapas temáticos e croquis é uma outra metodologia interessante em sala de aula. Possibilita não apenas a análise da dinâmica espaço-temporal (de preferência do entorno da escola), como também trabalhar com temas de cartografia sistemática, a exemplo da inserção de legenda, escalas, sistemas de coordenadas e de orientação (norte geográfico), como também na criação de mapas mentais e observação científica.
O uso de GPS para aquisição de coordenadas e a inserção dos dados na imagem de satélite base dos estudos, além de auxílio no trabalho de campo é uma ótima ferramenta.
As Geotecnologias possibilitam compreender e intervir na realidade social, entender as diferentes formas de interação entre as sociedades e a natureza na construção do espaço geográfico e as singularidades dos lugares. Além de facilitar o entendimento sobre as múltiplas relações de um lugar com outros e a percepção do desenvolvimento humano no espaço e no tempo.
REFERÊNCIA:
GELPI, A; SCHÄFFER, N. O. Guia de percurso urbano. In: CASTROGIOVANNI, A.C. et al (org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: Editora da UFRGS,2003.
Até a Próxima!
MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura