domingo, 26 de julho de 2015

História da Cartografia (Parte 01) - Mapas Clássicos

O GEOSUS - Blog apresenta para você uma série sobre a História da Cartografia, baseada na cronologia Tempo - Técnica, que destaca a evolução técnico-científica da Cartografia ao longo do tempo, apresentando 5 (cinco) fases principais, destacadas como:

1 - Mapas Clássicos
2 - Era das Descobertas e Viagens
3 - Novas Direções e Crenças
4 - Mapas Temáticos
5 - Mapeamento Moderno

A ciência cartográfica está diretamente vinculada ao processo evolutivo do homem, afinal a cartografia é utilizada desde seu início para a compreensão do espaço geográfico, evidenciando a visão de mundo ao decorrer da evolução humana.

A primeira fase da evolução técnico-científica da Cartografia é conhecida como a Idade dos Mapas Clássicos, que tem como referência temporal o Mundo Clássico dos Impérios Pré-Cristãos, Babilônia, Persas, Gregos e Romanos.

Nesta fase, os mapas possuíam uma variedade de funções, apresentando as diferentes visões de mundo dos antigos impérios, em que descreviam os paraísos e as inúmeras crenças religiosas da época. O uso da Cartografia para itinerários de viagens ou navegação desenvolveu-se tardiamente e sua disponibilização foi efetuada secundariamente, afinal as escalas de mapeamento e seus detalhes possuíam enormes limitações inicialmente.

A grande dificuldade que os pesquisadores em Cartografia Clássica enfrenta é a pouca disponibilidade de material, transformando os mapas desta época em verdadeiros achados, constituídos de enorme valor científico. Data-se de 7 (sete) séculos a.C. os registros dos primeiros mapas clássicos, nos quais apresentam a Terra como uma superfície plana, cercada por água que incluía os continentes da Europa, Ásia e África.

Na Era Platônica (427 - 347 a.C.), os Gergos compreenderam que a Terra era um corpo esférico, e Aristóteles (384 - 322 a.C.) analisou que era possível também dividir a Terra em zonas climáticas, chamadas de Klimata (Clima).

No terceiro século a.C. no Egito, mais precisamente na Alexandria, existia um renomado centro de Estudos Geográficos, conhecido graças a uma fabulosa biblioteca, e o seu bibliotecário chefe, Eratóstenes (275 - 194 a.C.) escreveu um dos livros de vanguarda da ciência cartográfica, intitulado Geografia, em que descreve e mapeia todo o mundo conhecido à sua época. Eratóstenes utilizou a Matemática e a Geometria para elaborar seus mapas. Além disso, ele calculou a circunferência da Terra, afirmando que o seu valor era de 39.250 km; para se ter uma ideia da precisão do seu trabalho, hoje este valor, desenvolvido por tecnologias muito mais avançadas que as do seu tempo, é de 40.023 km, apresentando um erro menor que 2% do valor conhecido atualmente.

Posteriormente, os métodos científicos de Eratóstenes foram adotados por Cláudio Ptolomeu, em seu próprio livro, intitulado Geografia (150 d.C.), que listou coordenadas de 8.000 lugares no mundo Greco-Romano, e indicando como uso a matemática e a geometria para inseri-las numa grade de latitudes e longitudes, conhecida como Graticule (Graus; Minutos; Segundos).

PARA ALÉM DA CIÊNCIA...

Em outros lugares, os cartógrafos tinham pouco interesse em seguir a tradição grega, usando a ciência para satisfazer seus objetivos. A Tábula Peutigiana, por exemplo, apresenta uma superfície distorcida do Império Romano. Outros mapas, de cunho religioso, usam a Teologia para orientar-se, sem uso da Geometria.

Na China, As Cartas Astrológicas tentavam apresentar como o movimento dos céus acima afetavam a humanidade abaixo. Outros mapas chineses apresentavam uma grade de mensuração de coordenadas sobre os mapas do Império, porém usavam-se cálculos completamente diferentes daqueles utilizados pelos Gregos.

Alguns mapas da idade Clássica, foram criados apenas para ser usado pelas elites sociais da época (Homens dos Impérios, Estudiosos, Homens Religiosos), porém outros mapas foram elaborados para fins mais práticos. No Mar Mediterrâneo, por exemplo, tanto os muçulmanos quanto cristãos fizeram mapas de navegação tão somente visando garantir uma viagem segura.


Esses tipos de mapas colocaram a Cartografia num outro patamar de uso pela humanidade, refletindo em seus documentos de um lado, a visão do pensamento humano à época, e, de outro lado, contribuindo para a compreensão intelectual e expansão territorial de vários tipos de sociedades, garantindo desenvolvimento e progresso ao longo do tempo.

ALGUNS EXEMPLOS DE MAPAS CLÁSSICOS

 Hereford - Mapa Mundi

Ptolomeu - Mapa Mundi

Babilônia - Mapa Mundi

Até a Próxima!!!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Diretor Técnico e Científico - GEOSUS (Geotecnologia e Sustentabilidade)
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Análise sobre o Processo de Desertificação em Sergipe.

É sabido que os processos de desenvolvimento e urbanização baseados na transformação e consumo da natureza são responsáveis diretos pela poluição e desequilíbrio dos sistemas socioambientais do planeta Terra.

Em Sergipe esse processo de ocupação dos espaços tem se intensificado nas últimas décadas, devido à implantação de políticas públicas voltadas para habitação e atividades agroindustriais, consolidando a construção de estruturas territoriais baseadas na geração de grandes contrastes sociais e de impactos ambientais profundos, dentre eles, destaca-se o processo de desertificação em áreas da Região Semiárida do Estado de Sergipe.

A Região Semiarida configura-se num espaço geográfico em que a análise dos impactos ambientais gerados pelo desenvolvimento espacial, econômico e social, deve ser edificada sob os pilares da integração de dados e do estudo das potencialidades e vulnerabilidades responsáveis pelos conflitos de uso, perdas de recursos naturais e impactos resultantes de fenômenos naturais e ação antrópica.

No contexto científico atual, existe o consenso de que o aquecimento global está em corrente evolução e que as atividades humanas, mais precisamente a queima de combustíveis fósseis, a agricultura extrativista e as grandes cidades, são as suas principais causas.

No Estado de Sergipe, um reflexo deste evidente do aquecimento global é a expansão indesejada de terras desérticas. Essa desertificação deve-se principalmente às práticas agrícolas que abusam da estrutura e fertilidade do solo, gerando erosão, infertilidade, salinização e desmatamento, fatores esses que contribuem cada vez mais para a alteração dos padrões de temperatura e precipitação.

Segundo dados das Organizações de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO), Meteorológica Universal (OMU) e das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), o Estado de Sergipe encontra-se numa faixa de Risco Moderado de desertificação, dados que evidenciam uma necessidade de ações e práticas de sustentabilidade nessa área que envolve complexas atividades agroindustriais, populacional e escassez de disponibilidade hídrica.



De acordo com dados da Defesa Civil do Estado de Sergipe, entre janeiro a maio de 2012 em Sergipe 18 municípios decretaram situação de emergência por conta da “Seca”, fenômeno este que sazonalmente ocorre e que tem por característica questões ambiental do ponto de vista da geomorfologia e geologia do Estado de Sergipe, bem como fatores sociais relacionados à falta de políticas públicas e que enredam toda a discussão entre manejos agrícolas e atividades humanas relacionadas ao aquecimento global.



CLIMA SERGIPANO


O clima, entendido como manifestação habitual da atmosfera num determinado ponto, é um dos importantes recursos naturais à disposição do homem e foi considerado matéria de interesse comum da humanidade por decisão da ONU em 1989. É um dos principais fatores responsáveis pela repartição dos animais e vegetais sobre o globo.



Para caracterizar o clima é necessário compreender que a atmosfera é uma manta fina e gasosa que circunda o planeta Terra, mantida pelo planeta pela força da gravidade. É a camada responsável pelas condições de tempo e clima, é extremamente variável e seu comportamento está sempre mudando tanto localmente e temporalmente. Os componentes para estruturação do clima são insolação, pressão, temperatura, massas de ar e precipitação.

Pela sua posição latitudinal, o território sergipano é regulado pelas principais zonas de pressão do globo: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que se constitui na linha de convergência de ventos, zonas de altas pressões subtropicais do Atlântico e do Pacífico, bem individualizadas em duas amplas células semifixas e permanentes sobre os oceanos e zonas de baixas pressões subpolares.
O clima Tropical (latitudes equatoriais e tropicais) predominante do Estado de Sergipe identifica a presença de Savana Tropical com característica principal a ocorrência de chuvas em menos de 6 (seis) meses no ano.            A massa de ar característica do Estado de Sergipe é a Equatorial Atlântica (mEa), que é caracterizada pelo clima quente e úmido.



O Estado de Sergipe está afeito a mesma circulação atmosférica regional que gira em torno de quatro sistemas meteorológicos (ventos Alísios de SE, CIT - Convergência Intertropical, EC - Sistema Equatorial Central e FPA - Frente Polar Atlântico). A interação desses sistemas com os fatores locais, posição geográfica, continentalidade, e outros, fazem predominar na área Oeste do Estado um tipo climático quente com características semiáridas. 




Climas secos compõem as regiões desérticas e semiáridas do mundo, onde se considera a eficiência hídrica e a temperatura para compreender o clima. A região semiárida do Estado de Sergipe abrange 28 municípios, abrangendo quase 40% do território sergipano.

As principais características das regiões semiáridas são a vegetação esparsa que deixa a paisagem exposta e a demanda hídrica exceder a disponibilidade, que cria um déficit hídrico permanente.

Em Sergipe os principais fatores climáticos nessa região são:
·         Predomínio de ar seco no sistema de alta pressão subtropical;
·         Está localizada na retaguarda (sotavento) dos Tabuleiros Costeiros, evitando a precipitação;

Numa visão global, Sergipe está inserido na faixa das Estepes Semiáridas do globo, onde predomina-se os climas tropical e subtropical quentes de latitudes médias.

Dessa forma, fica evidente que a Gestão Ambiental em nosso Estado, tem o dever de analisar e criar mecanismos eficientes de mitigação dos efeitos da seca, fundamentalmente no Alto Sertão Sergipano, área de crescente produção agroindustrial e dinâmica populacional. 

Até a próxima postagem!!!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Diretor Técnico e Científico - GEOSUS (Geotecnologia e Sustentabilidade)
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Uso de Geoprocessamento aplicado aos Estudos Espeleológicos

Olá Pessoal, tudo bem com vocês? Espero que sim!

Bom, hoje abordarei um tema de alta relevância para a promoção do desenvolvimento sustentável, que possui alto potencial cultural, arqueológico, econômico e social. Hoje nosso tema de discussão é o uso de Geoprocessamento aplicado em estudos espeleológicos!

Você já ouviu falar ou sabe o que significa Espeleologia? Sucintamente, Espeleologia é a ciência voltada para o estudo de cavernas, que busca conhecer a Localização, Formação Geológica, Hidrografia, entre outros aspectos ambientais dessas importantes estruturas.






Em Sergipe, a ONG “Centro da Terra” desenvolveu o projeto Expedição ao Centro da Terra, que dentre outras atividades, desenvolveu o Mapeamento de Localização das Cavernas descobertas pela equipe de Espeleologia, por meio das prospecções de campo em diversos municípios do Estado de Sergipe.
Quantidade de Cavernas identificadas no Projeto “Expedição ao Centro da Terra”.


Neste projeto contemplou-se as seguintes etapas do trabalho com geoprocessamento:
1 - Coleta de Dados (uso de aparelhos GPS)
2 – Armazenamento de Geodados (criação do Banco de Dados Georreferenciados)
3 – Uso Integrado (Integração de diferentes informações de Instituições de Referência)

Para a realização do mapeamento das cavernas do projeto Expedição ao Centro da Terra, utilizou-se as Bases de dados Geográficos das seguintes Instituições:
- Pontos Georreferenciados de Cavernas; ONG Centro da Terra, 2014.
- Dados do Atlas Digital Sobre Recursos Hídricos do Estado de Sergipe; SEMARH/SE, 2014.
- Dados do Censo Demográfico; IBGE, 2010.
- Imagens de Satélite Digital Globe; Google Earth Pro, 2015.

O ponto crucial deste trabalho foi o uso das imagens de satélite atualizadas que estão disponíveis gratuitamente no programa Google Earth Pro, integrado com as outras bases de dados utilizadas no projeto. Porém para que essas bases de dados fossem utilizadas de forma integrada, foi necessário o georreferenciamento das imagens baixadas pelo Google Earth Pro, afinal, estas imagens são disponibilizadas gratuitamente, porém não são disponibilizadas Georreferenciadas.

A integração das diversas informações sobre Localização dos pontos das cavernas, Hidrografia, Pontos de Interesse, Limites Municipais, entre outras, possibilitou um maior nível de análise do entorno das paisagens das cavernas, abordando assim, por exemplo, o nível de antropização (ocupação humana) próximo às cavernas.

Abaixo você pode visualizar um Mapa de Localização das Cavernas identificadas no município sergipano de São Domingos:


Com as atividades de integração das diferentes bases de dados, percebeu-se que há inconstâncias nas informações disponibilizadas. Por exemplo, no trabalho de campo, a equipe de espeleologia encontrou uma Caverna e de acordo com a população local, a caverna está localizada em determinado município X, enquanto que nos dados georreferenciados coletados do IBGE (Censo Demográfico 2010) indicavam o município Y.

Esse problema é recorrente também para os limites Estaduais entre Sergipe e Bahia, ficando aqui a indicação de uma revisão dos limites municipais e estaduais de Sergipe, por parte do IBGE. Afinal as cavernas têm grande potencial ambiental e turístico, implicando sobre o município “detentor” dessas cavernas a gestão ambiental das mesmas.

Porém fica aqui a indicação da importância que os Estudos de Espeleologia possuem no contexto de Estudos e Gestão de Projetos Ambientais. Além de que, é mais um caso que apresenta o Geoprocessamento como ferramenta indispensável para a realização dos trabalhos, tanto por ajudar nas rotinas de campo, com o uso de aparelhos GPS, até a elaboração de diversos tipos de análises espaciais nos entornos das cavernas.

E deixo aqui o convite, para que interessados nas áreas de Geoprocessamento e Espeleologia, desenvolvam mais trabalhos utilizando as diversas metodologias de análise que podem ser aplicadas, e que divulguem cada vez mais seus trabalhos, tendo em vista a difusão do conhecimento e o enorme potencial para tomada de decisões que estes projetos possuem.


Até a Próxima!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Diretor Técnico e Científico - GEOSUS (Geotecnologia e Sustentabilidade)
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.001 e 9.001)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura