segunda-feira, 29 de junho de 2015

Abordagem Geoespacial e Sistema de Informações Geográficas (SIG)

Você provavelmente já ouviu falar em SIG, GIS, Geoprocessamento e Análise Espacial; mas já parou para pensar sobre o que significam estes conceitos e quem os inventou? O post de hoje aborda como esses conceitos foram evoluindo no contexto das Escolas Tradicionais do Pensamento Geográfico.

“O que um SIG é capaz de fazer digitalmente é o mesmo que alguns geógrafos faziam entre 1950 e 1970, com o auxílio de mapas, cartas, lápis, régua, esquadro, transferidor, borracha, papel milimetrado e papel vegetal: a velha e boa ANÁLISE GEOESPACIAL” (FERREIRA, 2014).
Esta afirmação é importante inicialmente para derrubar a concepção de que o SIG nasceu em si mesmo, e lembra que a geração do conhecimento não é apenas meio e tecnologia, mas, sobretudo, conteúdo e sabedoria.

Desta forma, a análise geoespacial está diretamente ligada à evolução do pensamento geográfico e para isso enfatizo o papel fundamental desta concepção na Escola Locacional da Geografia (uma das principais correntes do Pensamento Geográfico Tradicional). Segundo esta escola, a geografia é uma ciência da localização e da distribuição espacial que recebeu forte influência da geometria e da topologia do espaço geográfico.

Neste sentido, a posição (localização) é um argumento empírico para a formulação de perguntas de natureza espacial (Onde fica a Orla de Atalaia? Qual o caminho mais próximo até minha Universidade? Onde encontramos Sítios Arqueológicos? Etc...) e para o estabelecimento da variável espacial, sendo o espaço geográfico, a distribuição relativa dos objetos em padrões e arranjos espaciais. Segundo (SACK, 1974), a análise geoespacial deve ater-se ao arranjo espacial do fenômeno geográfico e não apenas ao fenômeno em si.

A relação dos objetos no espaço geográfico evidencia a interdependência espacial entre os fenômenos e informações geográficas, em que se agrupam métodos de análises para a superfície terrestre (a exemplo: autocorrelação espacial, superfície de tendências e variogramas).

(BERRY, 1964) apontou que a MATRIZ GEOGRÁFICA é uma ferramenta poderosa de análise geoespacial. Segundo ele, o fato geográfico está localizado na intersecção entre uma LINHA (série contendo valores de todas as características de um lugar) e uma COLUNA (série contendo os valores de uma só característica para todos os lugares); neste caso, esses termos (LINHAS e COLUNAS) são as substâncias espaciais de um lugar. Dentro de um SIG, toda informação geográfica possui uma tabela de atributos, que traduz fielmente essa concepção.

Segundo (BERRY, 1964), quando adotamos uma abordagem baseada no levantamento de apenas uma característica para uma série de lugares, daremos prioridade aos arranjos e padrões espaciais (uma mesma característica é estudada em vários lugares e sua variação espacial é mapeada e analisada, por ex.: um mapa que apresenta a Geologia de um lugar).

Quando tomamos como referência o arranjo espacial de uma característica (COLUNA) em todos os lugares (todas as LINHAS), estamos diante de uma abordagem de distribuição espacial. Quando impomos um limite espacial à análise, definindo um lugar específico, estamos diante de uma abordagem de inventário locacional, baseada na combinação de variáveis espaciais do lugar definido (Essa concepção gerou no SIG os conceitos de CAMADAS DE INFORMAÇÕES ou LAYERS).

É importante ressaltar que as ideias mais importantes da escola espacial geográfica, do qual desencadeou o SIG (Sistema de Informação Geográfica), foram estabelecidas antes do desenvolvimento computacional e tecnológico atual, responsáveis pela popularização desses Sistemas.

Afinal, boa parte dos profissionais que hoje utilizam os diversos softwares de SIG (Quantum GIS, ArcGIS, GVSIG, SPRING, IDRISI, entre outros) para a solução de problemas de natureza espacial desconhecem o significado da ANÁLISE GEOESPACIAL.

E o mais importante, como enfatiza (FERREIRA, 2014), para um especialista em Geoprocessamento ou SIG não basta apenas saber como usar os comandos do sistema, mas saber o que cada comando faria se eles não estivessem no computador.

Referências Bibliográficas:
BERRY, B.J. Approaches to Regional Analysis: A Synthesis. Annals of American Association of Geographers, v.54, p. 2-11, 1964.
FERREIRA, M.C. Iniciação à análise geoespacial: teoria, técnicas e exemplos para geoprocessamento. 1 ed. – São Paulo: Editora Unesp, 2014.
SACK, R.D.A. Chronology and Spatial Analysis. Annals of American Association of Geographers, V.64, n.3, p.439 – 452, 1974.

Até a Próxima!!!

MSc. Rodrigo da Silva Menezes
Diretor Técnico e Científico - GEOSUS (Geotecnologia e Sustentabilidade)
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente
Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior
MBA em Gestão Ambiental e da Qualidade (ISO 14.000 e 9.000)
Consultor Técnico em Geotecnologias
Geografia - Licenciatura

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